Pages


Ler seus e-mails, ver as páginas da internet que acessa e ouvir suas conversas telefônicas. Mais e mais empresas estão adotando tecnologias de monitoramento e espiando bem de perto os seus passos. Você tem algo a esconder?








Por que tanta marcação cerrada?” Seu chefe tem pelo menos quatro argumentos, explicados a seguir.

“Quero garantir a sua produtividade”

Ele acredita que, se abrir cada e-mail que chega, navegar em sites de e-commerce para comprar CDs e ainda atender a todas as chamadas de celular, não ficará tão focada nas tarefas.

“Informações confidenciais não podem vazar”

Esse é um dos medos da empresa de softwares Microsiga, do grupo Totvs. Por isso, nenhuma mensagem que saia dali está livre de uma "vistoria". "Permitimos que o e-mail seja usado para fins particulares, mas ressaltamos que a ferramenta contém o nome da empresa e, como tal, pode ser olhada a qualquer momento", diz Wilson Godoy, vice-presidente de tecnologia do grupo.

“Preciso conter custos”

Já pensou quanto impulso você gastará se todos os dias usar o telefone da empresa para conversas com sua mãe? Com certeza, seu chefe pensa nisso, pois é cobrado a cortar, cortar, cortar despesas.

“Estou preocupado com a imagem da empresa”

Muitas organizações não querem vincular sua imagem a mensagem de internet. "A organização pode ser prejudicada ou até responsabilizada judicialmente pelas informações transmitidas pelo e-mail corporativo", observa Marcelo Colleoni, gerente de segurança da informação e controles internos para América Latina da Alcoa. Por isso, nessa fábrica de alumínio não é permitido passar correntes e conteúdos que envolvam questões de política partidária, por exemplo.

Controvérsias sobre a espionagem

O meu chefe pode invadir a minha intimidade? A questão é polêmica. "Ninguém perde o direito à privacidade só porque está no ambiente profissional", defende o advogado Tulio Vianna. Já o colega Marcos Lobo de Freitas Levy, conselheiro da Associação Latino-Americana de Ética, Negócios e Economia, discorda. "Há direito à privacidade quando você responde por suas ações. Se está representando a empresa, quem tem o direito é ela". As organizações se apóiam em três argumentos legais para se justificar: direito de propriedade (o computador e o telefone usados no trabalho são dela); responsabilidade solidária (a companhia se responsabiliza com o funcionário pelos atos dele); e poder de direção (o empregador tem liberdade de dizer o que pode e o que não pode no seu "latifúndio"). E o que falam os tribunais? "Que as empresas podem controlar os correios eletrônicos fornecidos a seus colaboradores, desde que os informem antes", conta o advogado Renato Opice Blum, presidente do Conselho de Comércio Eletrônico da Federação do Comércio do Estado de São Paulo. O mesmo vale para outras formas de espionagem, como instalação de câmeras. É, garota, sorrindo ou não você pode estar sendo filmada, e precisa saber disso.

Táticas de espionagem corporativa

Neste momento, o seu chefe pode estar:

Seguindo cada passo seu

Ainda pouco comum, essa forma de vigilância também está à disposição dos empregadores. Já era possível localizar os veículos da empresa por sistema de rastreamento por satélite (GPS). Agora, também dá para encontrar pessoas por meio de localizadores de celular e de outros tipos de aparelho de comunicação. Segundo fornecedores dessa tecnologia, os pedidos geralmente são feitos por empresas de motoboys, transporte e logística. Mas, se você participa de reuniões fora da empresa e aproveita para fazer pausas no shopping, não custa ficar atenta

Observando você por meio de câmeras

O objetivo, na maioria dos casos, é manter a segurança. Mas saber que seus superiores podem contar quantas vezes você sai da sua mesa para tomar café dá até frio na barriga. Em algumas, como a Microsiga, a filmagem de praticamente todas as áreas já faz parte do cotidiano há bastante tempo. "Já tivemos problemas de roubo de acessórios de computador, e as câmeras foram instaladas para registrar e inibir possíveis ações como essa", afirma Wilson Godoy, do Totvs. Claro, ninguém fica assistindo às imagens o tempo inteiro, como no reality show da tevê. Godoy explica que elas ficam gravadas por 30 dias e são consultadas quando necessário.

Monitorando seus e-mails

Se você troca mensagens picantes com seu namorado ou vive enviando e recebendo piadas, precisa ficar atenta. Os sistemas costumam filtrar os e-mails suspeitos por usar palavras-chave, como "sexo" e "projeto", por conter muitos destinatários e anexos pesados ou arquivos de imagens ou executáveis (que instalam programas automaticamente). Seu superior pode ainda ter relatórios com a quantidade de e-mails que você troca. Detalhe: uma vez enviada ou recebida uma mensagem, não adianta deletar de sua máquina, achando que ela não será mais acessível. "Se o e-mail passou pelo 'carteiro', os dados ficam registrados para análise", explica Alexandre Alvim, presidente da Inova Internacional, que fornece esse tipo de produto. "Mas, geralmente, as cópias das mensagens são arquivadas para consulta posterior, caso seja necessário rastrear."

Descobrindo quais páginas da web você acessa

Quis programar as férias e abriu sites de companhias aéreas, hotéis, aluguel de carro? Amiga, não dá mais para esconder. Pelos sistemas de rastreamento, seu chefe pode saber onde entrou e por quanto tempo ficou navegando. E até restringir a certos horários seu acesso à internet ou a determinados sites, além de dar sinal vermelho a endereços eletrônicos “impróprios” ou desnecessários para o seu tipo de trabalho. "Procuramos não ser radicais a ponto de proibir tudo, mas fazemos pesquisa e análise para que não haja abuso", diz Roberto Moliner, gerente de informática da construtora paulista Tecnisa. "O Orkut, por exemplo, chegou a ficar em 11º lugar entre os mais acessados e foi bloqueado. É improdutivo, não tem nada a ver com o negócio da empresa."

Ouvindo seus papos ao telefone

Reclamar do chefe para o namorado... só em casa. Fazer confissões à amiga sobre o tórrido fim de semana com um bonitão... Melhor usar seu celular. Afinal, a venda de sistemas de gravação de conversas telefônicas vem crescendo significativamente - e as empresas com central de atendimento ao cliente são grandes clientes. "O avanço desse mercado tem sido de 30% ao ano, puxado principalmente pelos callcenters", calcula Julio Cesar D’auria, diretor comercial da CTI Dealer, uma das fornecedoras do setor. Em geral, a intenção é monitorar a qualidade do trabalho dos atendentes e ter uma prova da negociação realizada com o cliente para evitar reclamações judiciais mais tarde. Há casos que fogem à regra. "Já atendemos uma imobiliária cujo dono desconfiava que os corretores pudessem passar determinado negócio para a concorrência em troca de comissão maior. Todos os ramais de venda eram gravados", finaliza D’auria.

Na defensiva

Antes de usar e abusar do computador, informar-se sobre políticas internas da empresa com relação ao uso de e-mail, acesso à internet e outras ferramentas de trabalho. Assim, não corre o risco de ser repreendida por deixar o messenger aberto, por exemplo.

Criar uma conta de e-mail particular para trocar recados com pessoas queridas. E que tal acessar em seu horário de almoço na própria empresa (se não houver bloqueio do acesso a esse tipo de site) ou em um cibercafé próximo?

Resolver pequenas questões pessoais rapidamente, e nada de ficar pendurada em conversas intermináveis com o namorado. Na dúvida, melhor usar o celular.

Ter cuidado dobrado com pesquisas particulares na web, mesmo que o acesso à internet seja liberado. Pode não estar infringindo nenhuma política, mas a imagem que deixa é de pouco profissionalismo.


Computador da empresa não deve ser usado para fins pessoais

Quem já não abriu o e-mail e encontrou a mensagem de um amigo repassando algo – um vídeo no YouTube, uma piadinha maliciosa ou um link para o novo blog do irmão – que ele tinha certeza de que todo mun­do iria gostar? Se realmente despertar interesse, é provável que a mensagem seja repassada para mais gente. Nada demais, certo?

Foi o que Flávio de Souza* pensou até perder o emprego, em 2000. Ele foi demitido por justa causa ao repassar material de conteúdo impróprio pelo e-mail da empresa. “O Flávio apenas encaminhou a mensagem sem ter acesso ao conteúdo do anexo. Mas, por ela ter sido transmitida do computador que utilizava, ele foi responsabilizado”, argumenta o advogado José Oliveira Neto, de Brasília.

“A empresa alegou que só invadiu a privacidade do funcionário por se tratar de uma ferramenta de trabalho. A meu ver, ela não poderia fazer isso, por se tratar de violação de correspondência, um princípio constitucional”, sustenta o advogado. Mas há muitas razões para as empresas monitorarem o uso do computador pelos funcionários. A produtividade é uma delas.
Fonte: http://www.selecoes.com.br/seu-chefe-esta-espionando

0 comentários:

Postar um comentário